domingo, 24 de junho de 2012

Arte de Ângelo Guido e a conservação na Pinacoteca Aldo Locatelli




Diagnóstico dos materiais e da conservação do quadro de Ângelo Guido. “paisagem” 54,8 x 70,5cm

Angelo Guido Gnocchi, mais conhecido como Ângelo Guido (Cremona, 10 de outubro de 1893 – Pelotas, 9 de dezembro de 1969) foi um pintor, escultor, gravador, escritor ecrítico de arte ítalo-brasileiro.Por volta de 1900, iniciou seus estudos no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Em 1912 decorou o Salão Nobre do Instituto Histórico e Geográfico, em Salvador. Dois anos depois, passou a residir em Santos, tendo trabalhado como crítico de arte no jornal A Tribuna de Santos. Em 1922 expôs com Benedito Calixto.Passou a residir em Porto Alegre em 1925, onde escreveu crítica de arte para o jornal Diário de Notícias. Em 1935 participou da exposição do Centenário Farroupilha. No anos eguinte foi nomeado para a cadeira de História da Arte na recém fundada Escola de Artes do Rio Grande do Sul, da qual foi diretor entre 1959 e 1962. Em reconhecimento ao seu trabalho, recebeu o título de professor emérito quando de sua aposentadoria " http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%82ngelo_Guido "

Como nosso objeto de estudo é de uma tela de 1949, acreditamos que ela tenha sido feita a partir das técnicas tradicionais, como descreve Barcelos (2009, p.2), “A maneira tradicional (e bastante antiga) de se fazer isto é aplicar uma demão de cola de pele de coelho ou gelatina. Como são substâncias de origem animal, estão muito propensas ao aparecimento de fungos. Portanto, ao usá-las, faz-se necessário a aplicação de algum fungicida. Depois que esta camada isolante está seca, dá-se uma ou duas demãos de uma mistura de pigmento branco (óxido de zinco ou dióxido de titânio) com óleo de linhaça (pode-se usar um pouco de algum pigmento colorido para se ter uma superfície diferente do branco)”.Umidade e temperaturaA temperatura da reserva técnica da Pinacoteca Aldo Locatelle, onde está acondicionada a obra “Paisagem”, fica entre 19º a 22º. A umidade controlada é de 50%, tendo assim, de acordo com Güths e Carvalho (2007), um nível de controle razoável para preservação das telas, tanto no combate ao aparecimento de fungos (quanto mais baixo o índice melhor) como em diminuir o aparecimento de fissuras na camada pictórica (quanto mais alto o índice melhor): “Não é bom ter umidade muito elevada, porque gera um problema de degradação muito mais rápida, que pode ser o crescimento de fungos e bactérias: a degradação biológica. O nosso principal problema é o fungo. Dependendo do substrato que se tem, há riscos de ataque, já com a umidade relativa a partir de 65%. Quanto mais alta a umidade relativa, mais esse risco está presente” (Ibid., p.31). Por outro lado, a baixa umidade pode causar a quebra das moléculas orgânicas, deixando o material quebradiço (Ibid., p.31).Temperatura e umidade são importantes porque estão “(...) relacionadas à degradação dos objetos. Temos a degradação química, que é a oxidação e hidrólise que faz, por exemplo no papel, a quebra das cadeias de celulose e, assim, as vai deixando mais curtas e com isso mais quebradiças. A temperatura atua na velocidade da reação dessas quebras e a água atua como reagente catalizador dessas reações”. São necessárias, portanto, medidas preventivas que requerem investimentos para a manutenção de objetos a serem conservados.Higienização e RestauraçãoO dados oficiais de higienização e restauro da obra “Paisagem” datam de 5 de agosto de 1992 e de 20 de janeiro de 2006. No primeiro registro consta o diagnóstico de “Sujeira e Craquelê” e, no segundo, “Sujeira, Cupim, Craquelê”.Dados técnicos da última restauraçãoData de recebimento: 18/09/2006 e data de entrega:01/03/2007Titulo / tema “Paisagem” com assinatura do autor Ângelo Guido de 1949 com técnica de óleos s/tela com registro RB058 de dimenções com Moldura de 72x87, 5x5cm,origem Porto Alegre, proprietário SMC- Acervo Artistico Prefeitura de Porto Alegre

.Estado de conservação segundo Naída e Andreia Bachettini. diz que a tela estava em médio estado de conservação.a obra apresenta muitas sugidades. Notava-se cupim na madeira e no bastidor. A tela estava toda deformada, emboloamento generalizado.A camada pictorica apresentava muitos craqueles com poucas perdas. O Passe-partout da madeira estava manchado e mal fixado.A proposta de intervenção foi a restauração da madeira com a eliminação do cupim e pintura nova no passe -partout. Eliminação do bastidor de má qualidade e comprometido pelos cupins. Limpeza da camada pictórica para emparelhar a a retirada do verniz anteriormente. Fixação da camada pictórica durante o reentelamento com linho puro e beva.. nivelamento com gesso/ cola nas lacunas e reitegração gromática. Acabamento com verniz fosco. A restauração realizada foi com limpeza mecânica/ Química:

Com bisturi para remoção dos excrementos dos insetos e solução quimica para emparelhar a limpeza.Limpeza verso com wishab pó macio.Troca do bastidor para outro de madeira nobre, com chanfro e cunhasTratamento de Fungos com Câmara de desinfecção e solução de Timol.Fixação de craquelês e camada pictórica com beva na mesa térmicaPlanificação do suporte durante o reentelamento na mesa termica.Reentelamento com linho puro impermeabilizado com Primal e cola térmica beva na mesa termica.Remoção do verniz parcial com solução química.Nivelamento do suporte com gesso / cola nas lacunas.Reitegração cromática com tinta para retoques da MaimeriVerniz final Dammar fosco.

Referências Bibliográficas

SOUZA, L. A. C. ; FRONER, Yacy Ara . Reconhecimento de materiais que compõem acervos. Belo Horizonte: EBA-UFMG; IPHAN, 2008 (Cadernos Técnicos - Tópicos em Conservação Preventiva).GÜTHS, Saulo; CARVALHO, Cláudia. Conservação preventiva: ambientes próprios para coleções. MAST Colloquia, Vol. 7, 2007, pp.25--44 BARCELOS, João. Preparo de telas, 2009. Endereço: <http://www.joaobarcelos.com.br/preparo_telas.pdf> Acesso em: <09 jun 2012>GRANATO, Marcus. Conservação e restauração de instrumentos científicos históricos. MAST Colloquia, Vol.7, 2007, pp.121--144.

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