Quando as tiras do véu do pensamento
Desembocam-se bem no meu espaço
Adquirem poderes quando eu passo
Pela terra: Solar dos Cariris
Há uma velha estranha que me diz
Que o vento se esconde no sopé
Que o fogo é escravo de Pajé
E que a água ia ser cristalizada
Nas paredes da pedra encantada
Os segredos talhados do Sumé
Um cacique de pele colorida
Conquistou docemente o firmamento
Num cavalo voou no esquecimento
Nos saberes eternos de druidas
Pela terra cavou sua jazida
Com as tábuas da Arca de Noé
Como lendas que vem do Abaeté
E com a espada de luz enfeitiçada
Nas paredes da pedra encantada
Os segredos talhados do Sumé
Cavalgando trovões enfurecidos
Toma o raio lutando com plutão
Nas estrelas cometas do sertão
Que foi um palco de mouros enlouquecidos
Um altar para deuses esquecidos
Construiu sem temer a lúcifer
No oceano banhou-se na maré
E nas montanhas devorou a madrugada
Nas paredes da pedra encantada
Os segredos talhados do Sumé
Sacrifique o porteiro inocente
E entre os seios da mãe d´água sertaneja
Numa peleja de violas que deseja
Que o sol se derrube lentamente
Que a noite se perca de repente
Num dolente fiado de guiné
Nos cabelos da ninfa: Salomé
E nos espelhos de tez enluarada
Nas paredes da pedra encantada
Os segredos talhados do Sumé
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