quinta-feira, 15 de outubro de 2009

HISTORICO DA PERMACULTURA
A palavra PERMACULTURA foi criada por Bill Mollison e David Holmgren, mais do que
uma junção de permanente com agricultura, a palavra diz respeito a idéia de uma cultura
permanente, culturas não possam sobreviver sem uma agricultura permanente – afinal tudo
vem do campo.
Bill Mollison preocupado com as questões referentes a redução dos recursos naturais em
algumas regiões do planeta e em especial na Austrália começou a estudar sistemas de
agriculturas sustentáveis no final da década de 1960. Junto com David Holmgren desenvolveu
um modelo de agricultura sustentável baseado em policultivo, tendo os resultados publicados
mais tarde, em 1978 com o livro Permacultura Um. A visão holística, multi e interdisciplinar
misturando (biologia com arquitetura, agricultura com florestas e zootecnia), deixou muitos
profissionais descontentes e contrários a tal modelo e os especialistas se sentiam incomodados
com tais metodologias, por outro lado a opinião popular já era diferente e em muitos lugares já se
discutiam modos de produção com base em sistemas ecológicos. Neste momento o próprio
Mollison via a permacultura como uma associação de plantas e animais que visava apenas a
subsistência e possivelmente uma iniciativa comercial. Com o passar do tempo outras
estratégias foram envolvidas e outros objetivos como autofinanciamento e economia regional
entraram no modelo permacultural. Nos fins da década de 1970 já haviam sido projetadas varias
propriedades na Austrália se utilizando da visão e metodologia permacultural.
Permacultura busca o planejamento e manutenção consciente de sistemas agrícolas
produtivos que possam manter a diversidade, estabilidade e resistência de ecossistemas
naturais. Procura integrar de forma harmoniosa, pessoas e paisagem focando alimento, abrigo e
energia bem com outras necessidades. De forma mais resumida, são práticas agrícolas
tradicionais aliadas a tecnologias atuais unindo conhecimento secular às descobertas da ciência
moderna, proporcionando o desenvolvimento integrado da propriedade rural de forma viável e
segura para o agricultor familiar e o meio ambiente com sustentabilidade, atualmente utiliza
também praticas para o meio urbano – Permacultura Urbana, como a otimização de pequenos
espaços, redução de consumo, reciclagem e reutilização de resíduos domésticos. Prioriza
redução do consumo energético, adequando nossos costumes e infra-estrutura para uma melhor
utilização destes. Na permacultura acredita-se que ao participar da produção de alimentos, por
menor que seja a escala já estaremos contribuindo para redução das grandes áreas agrícolas,
além disso, estaremos criando uma atividade prazerosa, cuidar de uma pequena horta ou jardim,
por exemplo. Uma grande vantagem da permacultura sob o aspecto humano é a interação entre
os mais diversos profissionais na hora de pensar o projeto ou sistema seja para uma
comunidade, sitio, fazenda, casa ou mesmo uma cidade, isso faz com que todos opinem no que
diz respeito dentro da área que possui conhecimento e experiência, promovendo dessa forma
uma grande troca de informações – visão holística. No inicio da década de 1980 os primeiros
graduados em permacultura estavam atuando em projetos na Austrália.
Permacultura no mundo
Por seus trabalhos com Permacultura, Bill Mollison recebeu inúmeros prêmios, sendo um
deste o premio Nobel alternativo concedido pelo Parlamento Sueco. Também foi premiado em
outros países como Alemanha, Grã-Bretanha e Republica do Vietnã. Muitas são as experiências
que tem sido positivas com a aplicação da Permacultura em vários lugares no mundo além da
Austrália, iniciativas em todos os continentes tem provado que tal sistema é viável para os
diferentes povos e ecossistemas, mesmo com as mais diferentes culturas levando em
consideração a realidade de cada lugar. Sempre com uma visão holística, trabalhando fatores
sócio-ambientais, econômicos e sanitários para organizar comunidades realmente sustentáveis.
Permacultura já é reconhecida internacionalmente, em várias instituições de ensino superior. Na
América do Sul e Latina muitas iniciativas foram realizadas a partir da década de 1990. Muitas
iniciativas para projetos com os mais variados tipos de financiamentos para capacitação,
publicações, congressos, vivencias e implantação de sistemas em todo o mundo através de
empresas, ONGs e Governos. Muitos movimentos também adotaram a permacultura para o
planejamento de ecovilas e comunidades.
Ressaltamos infelizmente que há confusões quanto aos mais variados entendimentos da
permacultura – um grande número de pessoas tem confundido a Permacultura com o fato de
simplesmente morar em uma casa de terra, ou não consumir alimentos derivados de origem
animal ou apenas usar um banheiro alternativo entre outros. Todas estas iniciativas são muito
importantes e respeitáveis, porem é muito mais do que isto – acreditamos com nosso simples
entendimento que é um sistema muito amplo para planejamento e implantação de
assentamentos humanos urbanos e/ou rurais. De forma ruim e negativa muitas pessoas estão
enxergando isso apenas como novo “filão” de mercado para vender projetos ecológicos –
principalmente na área de habitação como “ECOVILAS, CONDOMINIOS ECOLOGICOS e ECO
CASAS”. Hoje mais de 4 mil projetos e iniciativas no mundo em mais de 120 paises com as mais
diversa realidades ambientais, culturais e financeiras. Já ocorreram oito grandes encontros
mundiais de Permacultura – sendo este ultimo no Brasil em 2007.
Permacultura no Brasil
No Brasil as primeiras iniciativas chegaram entre as décadas de 80 e 90, muitas
discussões sobre “quem” trouxe essa metodologia para nosso país têm causado grandes
problemas e controvérsias e mais um vez um ótimo trabalho tem sofrido perdas em função de
pensamentos particulares e interesses pessoais. Como já comentamos, os próprios criadores da
Permacultura, mesmo em um pais desenvolvido como a Austrália foram mal vistos, imaginemos
isso em pais de coronéis, corruptos e grandes fazendas/empresas. Para proteger e respeitar
estes inúmeros pioneiros, não vamos aprofundar-nos nestas discussões, e sim citar ao longo do
curso vários projetos em que pudemos estar ou participar.
Atualmente muitas iniciativas já ocorrem no Brasil, algumas já institucionalizadas através
de ONGs – foram criados institutos de Permacultura nos diferentes biomas e estes tem atuado
como centros irradiadores com programas de cursos, vivencias, elaboração e execução de
projetos. Mesmo com grandes diferenças entre os climas dos extremos sul e norte, centro-oeste,
nordeste muitos trabalhos com comunidades nestes desde ribeirinhos, quilombolas, periferias
urbanas, indígenas, agricultores familiar vem sendo realizados com sucesso, alguns mostram
resultados muito positivos assim como nos mostra que a Permacultura deve ser adaptada a
realidade local e sempre pode ser aperfeiçoada.
Permacultura e as instituições / pesquisa / comunidades e pessoas
O permacultor utiliza conhecimentos de muitas áreas para fazer sua análise e tomar suas
decisões, é o contrario do que se ensina nas escolas e universidades convencionais, pois estas
separam tudo através das “especializações”. As práticas permaculturais apresentam resultados
satisfatórios, existem ainda projetos em fase implantação para criar sistemas realmente
sustentáveis, em alguns destes foi provado que a permacultura serve muito bem como
alternativa para recuperação de áreas degradadas além de torná-las produtivas (agroflorestas).
Em vários países e em alguns destes, escolas resolveram incluir a permacultura em seus
currículos nos diferentes níveis de formação, por exemplo, a Escola Agrotécnica Federal de
Manaus, onde os técnicos têm um modulo de pelo menos 40 horas. Além disto, muitos projetos
são desenvolvidos em parceria com várias instituições – privadas ou publicas, governamentais e
da sociedade civil organizada, porem ainda existem muitas barreiras a serem vencidas. Merece
ênfase sob aspecto humano a interação multi e interdisciplinar que a Permacultura propicia
desde a elaboração, planejamento e execução de suas intervenções, atividades e ações junto às
comunidades envolvidas.
ETICA E PRINCIPIOS DA PERMACULTURA
Ética da Permacultura
A permacultura adota um padrão ético específico buscando a sustentabilidade
que passa obrigatoriamente por um repensar quanto aos hábitos e atitudes, bem como
valores de nossa civilização. Tal ética está focada em três pontos importantes.
O cuidado com a terra
O cuidado com a terra perpassa pelo respeito e a todas as estruturas vivas ou não, aos
elementos que compõem nosso planeta, a atmosfera, os minerais, sistemas biológicos ou físicoquímicos.
Devemos valorizar tudo que nos cerca e ainda, nos incluirmos como elementos do
sistema e não como organismo superior. Adotamos medidas que utilizem de forma benéfica os
recursos necessários a nossa existência, protegendo e reabilitando o que está degradado
buscando sempre a conservação e manutenção do todo para que os sistemas sejam
permanentes. Caso não cuidemos da terra, estamos simplesmente destruindo nossa própria
existência e a oportunidade das futuras gerações gozarem de tudo que estamos vivenciando.
Cuidar das pessoas
Está ligado diretamente ao cuidado com a terra, já que os seres humanos, pois somos
componentes do sistema. A manutenção das necessidades básicas como alimento, abrigo,
energia, educação, trabalho, lazer entre tantas outras que estamos habituados, é um ponto
primordial na permacultura. Nossa espécie exerce muita influência no meio, pois podemos
causar impactos consideráveis sejam eles negativos ou positivos, uma forma de garantir
impactos benéficos é ter nossas necessidades básicas também garantidas com isso
reduziremos o consumo dos recursos naturais não renováveis. Somos uma espécie que tem
funções estratégicas, porem podem resultar em tragédias quando estamos em desequilíbrio com
nos mesmos.
Distribuição dos excedentes
A permacultura trata de forma diferenciada os resultados excedentes da produção seja de
alimento, energia ou serviços ou mesmo dinheiro. Sempre que projetamos um sistema de forma
sustentável ele proverá as necessidades básicas, com isso a produtividade tende a aumentar.
Adotamos uma ética que vise a distribuição destes buscando criar modelos comerciais
alternativos que atendam seus princípios éticos.
No modelo atual e convencional o acumulo de riquezas a custo da miséria de outros
indivíduos leva a uma desestruturação da sociedade e dos assentamentos humanos bem como
a degradação ambiental e insustentabilidade dos sistemas produtivos.

JULIANA FABER
Ronaldo Rodrigues
Brasil - 2009

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