A MULHER NA EDUCAÇÃO
SUPERIOR BRASILEIRA
Dilvo Ristoff*
* Professor titular da Universidade
Federal de Santa
Catarina (UFSC) e diretor
de Educação Básica da
Capes. Foi diretor de
Estatísticas e Avaliação da
Educação Superior do Inep,
de junho de 2003 a janeiro
de 2007.
O Censo da Educação Superior, do ano de 2006, mostra que temos hoje no Brasil
2.270 instituições de educação superior e um crescimento médio anual no número de
instituições em torno de 7%. Embora se trate de um sistema em acelerada expansão, a
comparação com os anos anteriores revela que o ritmo de crescimento vem diminuindo
ano a ano nos últimos cinco anos. Mesmo assim, o sistema de educação, a julgar pelo
número de instituições e pela sua natureza essencialmente federal (93% das instituições
de educação superior (IES) dependem da União para o seu processo regulatório de
credenciamento e recredenciamento), está entre os maiores sistemas da América e da
Europa. Esta constatação contrasta com a baixa taxa de escolarização líquida observada
no Brasil (12,1%), muito inferior à observada na maioria dos países do mundo.
A baixa taxa de escolarização talvez se explique pelo fato de a educação superior
brasileira ser essencialmente privada e paga em um país onde a renda familiar média dos
estudantes do ensino médio é de apenas cerca de 1.100 reais/mês. As instituições federais,
estaduais e municipais, juntas, respondem por apenas 11% do total das IES. O setor privado,
por outro lado, ostenta expressivos 89%. Se se considerar que todas as 60 instituições
municipais cobram mensalidades de seus alunos, chega-se à conclusão que as instituições
públicas e gratuitas representam apenas 8,3% do total das IES do sistema.
Igualmente importante é registrar que o sistema de educação superior
brasileiro é essencialmente não-universitário. A Constituição brasileira define as
universidades como instituições autônomas voltadas ao ensino, à pesquisa e à extensão,
A MULHER NA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA
14 SIMPÓSIO GÊNERO E INDICADORES DA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA
ou seja, como espaços onde a produção e a disseminação do saber andam juntas. Isto
significa dizer que mestrados, doutorados e estudos avançados devem fazer parte de
sua atividade cotidiana. A julgar por esta definição, somente 178 instituições de educação
superior (7,8%) podem ser consideradas universidades. As demais IES pertencem
às organizações acadêmicas conhecidas como centros universitários e faculdades.
Por fim, é importante destacar que, não obstante as impressionantes dimensões
do sistema de educação superior, a grande maioria das instituições são muito pequenas,
com cerca de 65% delas registrando menos de 1.000 alunos matriculados.
Estes dados preliminares nos permitem, portanto, inferir que o sistema de
educação superior brasileira é essencialmente privado, pago, noturno, nãouniversitário,
constituído majoritariamente por pequenas instituições – um sistema
que está em contínua expansão, embora em ritmo decrescente nos últimos anos.
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